Em 1990, a União Europeia (UE) surpreendeu o mundo, ao diminuir a burocracia para passar pelas fronteiras internas. Em sintonia com a globalização, a medida — um desdobramento do chamado Acordo de Schengen — foi tida, ao mesmo tempo, como sinal de que algo positivo diferenciava os europeus do resto do mundo. No Velho Continente, não eram só as mercadorias que circulavam sem barreiras. Cidadãos de qualquer parte do bloco podiam buscar trabalho – ou se estabelecer por conta própria – nas áreas mais ricas de uma Europa então próspera e autoconfiante.
Agora, esta conquista está ameaçada. A recente chegada de 25 mil refugiados do norte africano reabriu o debate da livre circulação de pessoas. Em 24 de junho, os chefes de Estado da UE farão, em Bruxelas, reunião de cúpula para discutir uma possível revisão das normas de Schengen. O objetivo claro é restringir a circulação de imigrantes pobres. O debate ocorre no momento que a região está marcada por contínuas medidas de austeridade e a forte presença de governos nacionalistas. Alguns países já tomaram medidas unilaterais.