A invenção das “ex-favelas”

Por Thiago Ansel

, por Observatório de Favelas

Na última semana de maio, o Rio de Janeiro passou a ter menos 44 favelas. Esta parece ter sido a última de uma série de subtrações no número de favelas da cidade - que cai vertiginosamente desde agosto passado, de acordo com as contas oficiais. Para se ter idéia do tamanho da queda, em todo o município, a quantidade de favelas despencou de 1.020 para 582, em apenas dez meses. Os dados são do Instituto Pereira Passos (IPP).

Apesar da diferença na contagem e mesmo diante da recente febre de remoções de comunidades populares por conta dos megaeventos esportivos de 2014 e 2016, as 438 favelas a menos não sumiram da noite para o dia. Tudo indica que parte delas tenha apenas deixado de fazer parte dos cálculos oficiais, pelo menos, daqueles que se referem à categoria favela.

Os últimos 44 locais que deixaram de ser assim classificados, passaram a ser oficialmente chamados de “comunidades urbanizadas”. A mudança foi feita a partir de dados fornecidos pelo IPP e a Secretaria Municipal de Habitação (SMH). O critério básico adotado para a troca no nome foi a quantidade de serviços urbanos disponíveis nestes locais - que seria similar àquela fornecida em outros bairros da cidade, segundo o IPP e a SMH.

A nova classificação rendeu diversas manchetes nas editorias de cidade dos grandes jornais cariocas, que trataram de batizar as mais novas 44 “comunidades urbanizadas” de “ex-favelas”. Nas redes sociais, o termo “ex-favelado” - derivado da polêmica - pegou e foi motivo de piadas.

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