A máquina automotiva em suas partes

Geraldo Augusto Pinto, 192 Páginas, R$ 38,00

A emergente gestão do uso e da remuneração da força de trabalho em plena reestruturação capitalista, um tema crucial na incômoda questão do trabalho, é o ponto de partida para o professor Geraldo Augusto Pinto identificar em seu novo livro, A máquina automotiva em suas partes: um estudo das estratégias do capital na indústria de autopeças (Boitempo Editorial), o que representam os avanços da gestão flexível do trabalho numa economia periférica e dependente como a brasileira.

Defendido como tese de doutorado no IFCH/Unicamp, com bolsa da Fapesp, o livro apresenta um estudo detalhado sobre os resultados do processo de reestruturação produtiva, inspirado por elementos do toyotismo, modelo de flexibilização do emprego assalariado, adotado por indústrias transnacionais, em conseqüência da conjuntura de crise do taylorismo e fordismo pós-década de 1970. A partir de uma pesquisa recente numa transnacional de autopeças e bens de capital em Campinas (SP), o autor constata que a indústria brasileira articula uma série de contradições na prática da gestão flexível que frequentemente resulta em adoecimento dos trabalhadores e trabalhadoras. Um dos principais fatores responsáveis por isso, segundo ele, é a adaptação conveniente desse modelo global de produção ao regime de trabalho de países da periferia do capitalismo, já amplamente flexível, que estimula a demissão sem justa causa e constrange a democracia laboral.

“Esse livro é um novo marco para a compreensão das múltiplas partes que movem a máquina automotiva e um dos mais qualificados e densos estudos sobre a industrialização recente no Brasil, resultado de uma rigorosa pesquisa empírica, dotada de sólido desenho analítico”, afirma Ricardo Antunes, orientador do estudo e coordenador da coleção Mundo do Trabalho, da Boitempo. Leia mais