Wikileaks escancara a terceirização da guerra e coloca a imprensa diante de desafio

Por Carlos Castilho, do Observatório da Imprensa

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A nova leva de documentos secretos publicada pelo site Wikileaks desnudou para o público uma realidade sinistra materializada pelo fenômeno da terceirização da guerra nas mãos de empresas privadas, sobre as quais a sociedade tem pouco ou nenhum controle.

Muito já foi dito sobre o pacote de quase 400 mil documentos secretos divulgados pelo site especializado em publicar notícias e documentos sem verificação jornalística prévia. Mas o que ainda falta discutir é como o público vai digerir este material e a provável avalancha de outros que certamente congestionarão os fluxos informativos na web nos próximos meses e anos.

Os jornalistas terão um papel essencial neste processo, mas é fácil prever que a verificação de informações tende a se tornar cada vez mais complexa e exigente em matéria de mão de obra. As redações de jornais estão muito enfraquecidas pelos sucessivos cortes impostos pelas indústrias da comunicação para enfrentar as incertezas da digitalização.

Por isso deduz-se que a interpretação e contextualização do novo pacote de documentos secretos vai exigir um esforço que supera a capacidade operacional das redações, repetindo a situação surgida há um ano e meio, quando o jornal inglês The Guardian recorreu a seus leitores para destrinchar pouco mais de 470 mil páginas de documentos sobre corrupção no Parlamento britânico. Leia mais