A política externa do governo Lula, ao contrário da política externa de FHC, emergiu num viés de desalinhamento em relação ao consenso do “Atlântico Norte”, como alternativa de recupearr a capacidade de negociação (VIZENTINI, 2006). Tomando o conceito “eixo horizontal” trabalhado pela Peccequilo (2008), percebe-se que o governo Lula promoveu parcerias com países emergentes e países menos desenvolvidos, englobando países da África, Ásia e Oriente Médio (LDCs).
Este eixo representou a dimensão terceiro-mundista da sua política externa, também referida como relações Sul-Sul e, através dessa relação o Brasil conseguiu aumentar sua presença no mercado do sul, estabelecendo contatos mais amplos com a Índia e África do Sul (PECCEQUILO, 2008)
Neste contexto, as relações da política externa do governo se concentravam em três dimensões: uma diplomacia econômica, que determinava a necessidade de manter abertas as relações com o Primeiro Mundo, para obter investimento e tecnologias. Uma atuação política, configurada como uma arena de reafirmação dos interesses nacionais de forma ativa e afirmativa e um programa social. Ao frisar a importância de impostos sobre vendas e compras de armas como forma de angariar fundos para luta contra a fome global, o presidente Lula conquistara a simpatia da comunidade internacional como: França, Chile e Espanha.
Guiado pela diplomacia presidencial, Lula assumiu a liderança dos países em desenvolvimento e pobres nos fóruns multinacionais (MALIMANN, 2009). Assim, o Brasil conjugava novos princípios de inserção internacional ao ponto do Amado Cervo (2004) caracterizar seu governo como, um Estado logístico, pois este governo planejaria outra forma de inserção no mundo da globalização.
Ao reforçar a economia nacional; reconvertendo a política de comercio exterior em instrumento estratégico de desenvolvimento. Sob a administração Lula o país evoluiu de uma aliança estratégica com o ocidente para o universalismo de ação. “O Brasil de Lula transforma sua política exterior pelo paradigma do Estado logístico, imitando o comportamento dos grandes” (CERVO apud ALTEMANI, 2005, p. 257).
A mudança de foco da política externa brasileira promovida pelo Lula, ao priorizar as relações Sul-Sul e o discurso por uma ordem global mais igualitária e justa, estava também enraizada na idéia de que as relações Sul-Sul possuem boa potencialidade comercial e se figuram como espaços para projeção da diplomacia brasileira. Porém “a mudança de foco geográfico produziria melhores resultados se o país estabelecesse concentração nos resultados e não no discurso para o consumo interno e popular”, (LOPES, JUNIOR, 2004, p. 325). Em oposição, continuavam de forma maciça os investimentos diplomáticos e comerciais para que a mudança da política externa brasileira obtivesse ganhos.