No Limite

A Rio+20 terá algum impacto para a juventude?

, por IBASE

Para Mattias Rolighed Bergset e Sofie Lindahl, Integrantes da organização changemaker, da Noruega.

Essa é hora em que a juventude precisa mostrar que nós somos a geração que vai mudar o mundo.

Temos que propor soluções para mudar a percepção que se tem hoje de crescimento e desenvolvimento. Temos que continuar a desenvolver alternativas sustentáveis às práticas atuais. Não podemos esperar que os líderes globais tomem atitudes e consertem a Terra. Temos que assumir a responsabilidade e mudar a mente das pessoas, tantos de jovens quanto dos mais velhos

Vinte anos atrás, líderes mundiais se encontraram no Rio para discutir desenvolvimento sustentável. Na Rio+20, os líderes mundiais vão lidar novamente com temas de grande importância, relacionados ao desenvolvimento sustentável do mundo. Os problemas que enfrentamos no mundo hoje não são novos, mas certamente mais graves. À medida que a população mundial aumenta, nós enfrentamos questões como segurança alimentar, falta de água, mudanças cilimáticas, e são os pobres do mundo que aguentam as consequências.

A Rio+20 é o lugar onde nós, jovens de todo o mundo, podemos estabelecer as premissas para o nosso futuro e para o futuro das próximas gerações. Todos no mundo são afetados por essa conferência, e os poucos representantes que tomarão as decisões por nós têm uma tarefa tremenda nas suas mãos. Contudo, ao mesmo tempo, as possibilidades são imensas!

Um tópico que será muito discutido são as possibilidades para uma economia verde na qual crescimento econômico combinado com redução dos custos ambientais resulte em desenvolvimento sustentável para o mundo. Outro tópico são as metas de desenvolvimento sustentável. Diferente das metas do milênio, que foram aplicadas somente para países em desenvolvimento, essas metas vão marcar a responsabilidade que todos nós temos de assegurar um futuro sustentável. É importante que os líderes mundiais tenham grandes ambições durante a reunião e que eles acordem medidas concretas. Para isso, é importante que a sociedade civil, assim como os jovens, de todo mundo, se envolvam no processo e pressionem as negociações.

Mundial e nacionalmente, os líderes global devem reconhecer a contribuição significativa que a juventude pode dar e envolvê-la na formulação de políticas para um futuro sustentável. É crucial que a juventude seja incluída em negociações e processos de alto nível, que haja investimentos em lideranças jovens e resultados concretos para jovens e o seu futuro. A inclusão da juventude representa mais do que incluir metade da população do mundo. Ela é importante para a sustentabilidade, à medida que jovens lideranças de hoje se tornarão os líderes e as líderes do futuro.

Para Daniel Souza, Facilitador nacional da rede ecumênica da juventude (REJU) e membro do conselho nacional de juventude (CONJUVE)

O grande impacto partilhado pelas juventudes na Rio +20 se dará em ambientes alternativos, como a Cúpula dos Povos. Os jovens já sinalizam em muitas de suas experiências caminhos concretos para o enfrentamento da crise socioambiental: a agroecologia, as lutas por uma justiça agrária, por uma cidade justa, não guiada pela especulação imobiliária, superando as desigualdades e os favorecimentos a grandes empresas.

Estamos numa crise dos projetos de desenvolvimento, que trazem consigo o enriquecimento de uma pequena parte das populações e favorecem a desigualdade e a injustiça social, atreladas à exploração desmedida do meio ambiente. As juventudes carregam esse peso sistemático e injusto em seus corpos, em suas vivências.
As injustiças sociais e ambientais impactam de maneiras diferentes os lugares e as gentes. Quem sente na pele essas injustiças são os excluídos, os empobrecidos e também a natureza, sacrificados nos altares das bolsas de valores. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) trará mudanças mínimas, caminhos para um lugar-nenhum (ou economia verde!), que reforçarão o atual modelo, agora mais verdinho e “sustentável”.

Acredito na participação das juventudes na construção do “futuro que queremos”, não o que nos é imposto por chefes de Estado e corporações. Creio nesse protagonismo juvenil, mas sem as amarras da tutela. Vejo uma juventude que se articula de maneiras distintas, em espaços variados. Vários rostos, sotaques, desejos. Corpos em movimento por uma casa-comum realmente justa e irmanada com a Terra. Nisso, a juventude ecumênica tem importante papel, articulando esses engajamentos com as espiritualidades que nos fazem quem somos, empoderam para a luta e trazem sentido ao cotidiano.

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