Saara Ocidental, ano 40 : História, estratégias e desafios para o futuro

Quantos versos faltam?

, por GALIA Fatima

“Filhos das nuvens” Crédito : Ana Valiño. Tindouf, Argélia.

Quantos versos faltam,
para que tremam os cimentos
da injustiça.
Quantos versos faltam por escrever,
para converter em cinzas os fantasmas
da injustiça.
Quantos versos faltam por escrever
para que reine a justiça em seu palácio
sem interferência.
Quantos versos faltam por escrever
para que coroem a verdade em nome
da justiça.
Quantos versos faltam por escrever,
para que as túnicas negras abriguem antes
a razão que o coração
sem preferência.
Quantos versos faltam por escrever,
para que a dignidade seja uma essência
de nossa existência.
Quantos versos faltam por escrever,
para que a independência não seja refém
de nossa ignorância.
Quantos versos faltam por escrever,
para que a as pombas da paz pousem
nos telhados da inocência.
Quantos versos faltam por escrever,
para que a bandeira da liberdade balance
com honra e elegância.
Quantos versos faltam por escrever,
para que a sentenças da justiça sejam
o elixir da consciência.
Quantos versos faltam por escrever,
para que os indignados lutem diariamente
com veemência.
Quantos versos faltam por escrever,
para que soem os sinos da tolerância
desde a nossa infância.
Quantos versos faltam por escrever
para que o amor seja o aroma
de nossa fragrância.
Quantos versos faltam por escrever
para que a felicidade seja a grande
exigência.
Quantos versos faltam por escrever,
para que a boa convivência
não seja uma aparência.
Quantos versos faltam por escrever,
para que a violência em nosso universo
não tenha presença.
Quantos versos faltam por escrever,
para que a pobreza não seja
uma herança.
Quantos versos fazem falta,
para que a riqueza não caia em mãos
da cobiça.
Quantos versos faltam por escrever,
para que a generosidade não seja vítima
da avareza.
Quantos versos faltam por escrever,
para que a solidariedade não esteja retida
pela intransigência.

Amanhece no Saara e o ex-soldado e agora motorista da Frente Polisario Hamdi Katri prepara o primeiro chá do dia. Crédito : Laura Daudén. Territórios liberados, Saara Ocidental, 2009.